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Foto do escritorLuigi Pedone

O processo decolonial na construção de Brasília.

Atualizado: 6 de dez. de 2023


A data 21 de Abril é icônica para todos brasileiros, mas poucos sabem que se remete aos festejos romanos, uma data que comemora o dia solar do imperador, e essa data é sempre lembrada pelos agentes dos Estados Católicos, principalmente do primeiro estado criado em forma de Reino, Portugal em 1283 dc. E isso nos mostra como é frágil e importante a laicidade no Estado, imposta pelo imperador D. Pedro II e mantida em todas as constituições republicanas, inclusive a de 1891, que determina a construção da nova capital no Planalto Central no seu artigo primeiro.

21 de Abril, é uma data que vem sendo lembrada para legitimar o poder que emana de Roma, em muitos momentos de nossa história, e não por acaso esta simbologia está presente em Brasília que não poderia ser diferente, em sua inauguração. Sendo uma nação alinhada com os fundamentos ocidentais, a estátua da “Lupa Capitolina” posta na entrada do poder maior do DF comprova o compromisso renovado e alinhado aos moldes culturais.

"A estátua de bronze fundido que chegou a Brasília, em 1960, em função da inauguração da cidade, é uma réplica da escultura em tamanho natural que se encontra no Museu Capitolino, em Roma. Em cima de uma coluna de granito, ela adorna os jardins do Palácio do Buriti, em frente ao Eixo Monumental".
(jornal de Brasília, Por Redação Jornal de Brasília 02/11/2022 1h42)

Essa relação é parte do que a nação colonial e imperial nos deixaram de herança, um legado triste do passado, e JK o presidente “bossa nova” sabia muito bem disso, e não por acaso foram convidados nomes importantes das artes libertárias para pensar uma capital que pudesse ser um fator de construção na identidade de uma nação mais solidária, plural e principalmente igualitária. E a via para que isso viesse acontecer era a educação cultural livre, pensada para todos os Brasileiros.

Levando os cidadãos fazerem parte da construção, não somente física, mas de uma identidade do sujeito brasiliense, construindo um novo sujeito pós-moderno, “contextualizado como não tendo uma identidade fixa” (Hall, p13,1987), e este é o ponto crucial para se entender a cultura da cidade. Essa maneira maleável da cidade que abrange todos os recantos do país, tem como obrigação ser laico, cosmopolita e eclético.

Para Ferreira Gullar, Anysio Teixeira e Darcy Ribeiro a educação cultural e artística em Brasília tinha que ser uma parte integrada ao ensino formal nas escolas, que iriam acolher todos os filhos dos moradores, sem distinções, mas o que vimos nos anos posteriores a inauguração foi a quebra deste modelo. Brasília é fruto dos anos dourados e assim foi pensada, mas nos anos de chumbo ela foi duramente atacada em sua diretriz, e se tornou um campo segregado e segregador.

Mas a leveza dos artistas envolvidos no ideal foi crucial para que a cidade existisse. E nomes como o de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, estão sempre acompanhados de Wladimir Murtinho, Burle Marx, Athos Bulcão, Rubem Valentin, Ceschiatti, Volpi e outros gênios das artes.

O Sonho que inaugura a cidade ainda vive na história e principalmente em sua experiência estética, o que sempre nos leva aos anos dourados nos traços modernistas da capital. Que tem como principal significado artístico e cultural o acolhimento que uma urbe adornada de pluralidade consegue expressar nos seus monumentos e praças cívicas, tendo como objetivo a cidade de todos os Brasileiros.

 

Bibliografia:


Identidade Cultural na pós modernidade. Stuart Hall. 1987

 

fontes : https://jornaldebrasilia.com.br/brasilia/conheca-a-historia-de-esculturas-doadas-a-brasilia-por-outros-paises/

 


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